sábado, 29 de janeiro de 2011

Amargura

Não sopre minhas feridas
pois o ar que sai de teu pulmões
não resfria minha dor.

As chibatadas,
e os suplícios,
sempre sucedidos pela vigilância passional,
foram significações do teu jeito
de me amar.

Deixe-me sozinho.
A vida já se encarregou
de empurrar pro esgoto
os restos da entrega afetiva.
Não nego que ainda há lembranças,
mas elas somem
assim que a sobriedade
invadde meu coração.

aildo picanço 20/01/2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

Seu caminho

Siga seu caminho.
Vá em busca de seu destino
Sem se ater ao estrago de seu calçado.
Não se importe com o puir de suas meias
Ou com desgaste de suas vestes.
Simplesmente siga o rumo traçado
Por seu coração.

Siga seu caminho
Por mais que hajam pedras,
Espinhos
Ou até mesmo um sol escaldante
Ardendo incessantemente sobre sua cabeça.

Siga seu caminho.
Escreva sua história
Sem se ater ao temor
Tão pouco as críticas daqueles
Que insistem em assistir o passar das horas
Na segurança de suas janelas.

Siga o seu caminho...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mais um Brasileiro

Moço me dê licença
Preciso passar.
Tenho pressa
Não devo me atrasar.

Moço sai da minha frente
O dia está raiando
O ônibus está quase passando
No ponto em que tenho de parar.

Moço desculpa se pisei no teu pé
És trabalhador como eu
Passa todos os dias pelo mesmo aperreio.
E a dor que sentis hoje,
Todos aqui algum dia já sentiu.

Moço não sou pobre coitado
Mas todo dia sou açoitado
Sem que alguém venha me ajudar.

Mas moço, antes de descer
Vou te contar.
Só crendo em Deus Nosso Senhor
Pra nos dar força
E continuar está vida sofrida.
Onde todo dia
Vem a incerteza
Se meus guri terão comida na mesa.

Antropofagia

Tua carne clama
Lateja
Anseia
Sem se dar conta do impossível.

A carne crua
Traz teu íntimo gosto.
Que costuma ser sorvido
Lentamente
Gota a gota.
_Tempero latino-americano.
Especiaria.

Carne,
Pele ardente
Que ao banhar-se em suor
Exala teus feromônios.

Tua carne clama
Lateja por ser devorada
Num ritual intimista.
Antropofágico.
Onde revelas o teu ethos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Lágrimas

Lágrimas caem do teu rosto
Desvanecem tua pele.
Borram com negro
O que a pouco era contentamento.
O sorriso deu lugar ao pranto.

Lágrimas rolam
Brotam feito olho d’água
Banham tua face intentando solapar o que outrora era entusiasmo.
Porém a aridez de tal sentimento
É incapaz de desbotar tua formosura.

Lágrimas lavam teu lindo rosto...

Ausência

A fogueira Que ardia vorazmente Provocava calor, que de tão intenso, Lembravam as fornalhas Usadas para transformar em liquido Os mais resis...