quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ausência

A fogueira
Que ardia vorazmente
Provocava calor, que de tão intenso,
Lembravam as fornalhas
Usadas para transformar em liquido
Os mais resistentes metais.

Fiquei inerte
Não me importava com o vai e vem
Dos carros.
Da pressa das pessoas
Ou com o mau cheiro do mendigo
Que sorria pra solidão
Da calçada sofrida.

Contemplei o tempo.
Rememorei o perfume do amor.
Um misto de feromônio
Com o adocicado das flores
Que desabrocham
Na primavera.

A fogueira ardia
E mesmo com tanto calor no ar,
meu coração insistia em sentir frio.
Já que o inverno da ausência
Chegara mais cedo.
Os cobertores tecidos
Artesanalmente com as nossas boas lembranças,
Mostraram se ineficazes, ante o frio
Da tua ausência!

A fogueira ardia
E dentro de mim
Aumentava a dor
Da perda.
Já que os anjos
Levaram-na pra longe de mim.
Pra terra onde os deuses
Deliciam-se com as canções
Entoadas por suas ninfas.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Deslumbre

Vi beleza
Onde achavas inexistir.
Busquei teu carinho, no lugar
Onde nascia
Os cactos espinhosos
Do deserto de teus sentimentos.
Deslumbrei-me com teu sorriso,
Com tua amizade sincera.
Tão rara nestes dias
De ignorância e
Egoísmos.

Achei tua beleza
Aos pés de uma mangueira
Frondosa. Cujos frutos doces
Atraem infinitos Periquitos Verdes
Tão altivos e festeiros
Quanto um dia de celebração
Num terreiro de Marabaixo.

Encantei-me com tua beleza,
Atrevi-me em ousar
Pensar em roubar-te.
Fugir pra algum lugar longínquo.
Leva-la comigo
E aproveitar alguma praia quente
Do nordeste
Ou percorrer as estradas frias do
Alasca.
_Mas somente pensei.

Vi tua beleza.
Sem titubear
Vociferei junto a teu ouvido
Que a menina
Agora era mulher.
Não uma entre tantas
E sim aquela
Que a sua maneira
Busca ser sensual
E não vulgar.

Vi tua beleza
E tentei captura-la
Com minha retina...

domingo, 18 de dezembro de 2011

Da dor ao prazer (Amor Sadomasoquista)

Sinta a dor
Alimente-se dela
Deixe-a dominar-te até
O limite do insuportável.

Sinta a dor
E se entregue a mim
Como se eu fosse o seu senhor.
Perca a noção das horas,
Dos dogmas e de pertencimento.

Sinta a dor
Flagele-se diante do espelho
Enquanto observo atentamente os teus gestos.
Brinque com o que
Os ditos decentes
Temem admitir.

Sinta o que advém da dor.
Entre em êxtase
Com esse prazer intenso,
Que a séculos é dito como sujo, torpe...
Saboreie-o como um bom vinho.
Deixe se corromper
Afinal, és simplesmente
O que queres ser.

Sinta a dor
E divida as nuances deste sentimento.
Exercite sua cumplicidade.
Estenda as mãos
A mim,
Mostre sua devoção.

Sinta as dores do amor
Não convencional,
Da paixão execrada pelos folhetins.
Do amor vivido
Nos porões existenciais.

Sinta a dor.
E que a marca do seu suplicio
Seja o teu troféu.
Se entregue,
Já que és assim
E nem imaginavas.

Sinta a dor...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Separação

Separo de ti
E das palavras vazias.
Do emudecer repentino
E do sofrer.

Separo de ti,
Deixando as flores no vaso
E alguns versos escritos
Num tempo em que acreditávamos
Na eternidade do nosso amor.

Separo de ti,
Levando comigo
Um coração entristecido,
Atormentado pela profunda sensação de incompletude.
Carrego também o sentimento de derrota
Pois, paira sobre mim a crença de que a jornada terminou
Antes do alvorecer,
Do que até ontem,
Era chamado de amor indestrutível.

Separo de ti.
Levando na bagagem
Algumas mudas de roupas.
Muitas das quais
Foram lançadas ao chão
Nos momentos em que
Pretendíamos escrever
Alguns capítulos de nossa história
Com o prazer
E Cumplicidade.

Separo de ti
Deixando contigo
Uma parte de mim.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Adormecer

Adormeça nobre dama.
Deixe que sob os lençóis de sua cama,
seu corpo se ponha a descansar.
Adormeça jovem dama
pra sua beleza revigorar.
Descanse e fique sobre a proteção dos anjos.

Adormeça nobre dama.
Deixe que sob os lençóis de sua cama,
seu corpo se ponha a descansar.
Adormeça jovem dama
pra sua beleza revigorar.
Descanse e fique sobre a proteção dos anjos
Pois teu descanso eles hão de velar.
Adormeça até o instante em que os pássaros
Começarem a entoar
a canção de prenuncio
do teu acordar.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Há um tempo atrás

Num passado não tão distante
Achávamos graça
Do palhaço maltrapilho.
Nos assustávamos com os mascarados
Que surgiam como loucos
Desvairados no meio dos blocos de carnaval.

Há um tempo atrás
Caminhávamos pelas ruas
Deslumbrados com a arquitetura
Que mudava
Sem obrigação
As características da urbe.

Não faz muito tempo
Que as sirenes do carro da policia
Denunciavam que era chegada a hora de dormirmos.
Neste passado
Não tão distante
Nutríamos o amor inocente pela colega de classe
Que tal como nós
Carregava a inocência comum
Daqueles que ainda
Não se infectaram
Com as cruezas da vida.

Não faz muito tempo...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Bela Dona

Deixas teu rastro no ar
Para que o sopro da brisa
Se ponha a leva-lo
Pelos quatro cantos
Do mundo, pois assim, os sentidos dos pobres
Desvalidos ou
Os dos reles moribundos,
Sintam o que
Nenhuma prisão
Pode encarcerar.

Por onde andas
Bela dona?
Onde estas
A calcar teus pés macios?
Que terras tem o prazer
Tão nobre
De sentir o toque
Leve e suave
De teus calcanhares?

Que elementos compõem o cotidiano de
Tão exuberante fêmea?
Ou o que a leva a caminhar
Pelas planícies,
Nas noites quentes
De verão?
_Isso pouco importa, pois
Deixas teu rastro doce no ar
E sem uso de nanquim
Grifas em cada homem
Que cruza teu caminho
A marca
Da bela dona
Que nos dias
De primavera se diverte
Fitando o desabrochar
Das flores.

Ausência

A fogueira Que ardia vorazmente Provocava calor, que de tão intenso, Lembravam as fornalhas Usadas para transformar em liquido Os mais resis...